quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MICARETAS DE ANTIGAMENTE

ENTREVISTA DE SILVÉRIO FERNANDES À REPORTER DESTE BLOG, SIMONE NUNES (MINHA IRMÃ), EM SETEMBRO DE 2006

Uma festa muito famosa em nosso município era a MICARETA e quem fala sobre ela é Silvério Fernandes dos Santos, aposentado, 86 anos.

- Acontecia nas ruas e praça. Nós alugava uma casa grande com um salão para acontecer os ensaios e três dias de baile. O trajeto era Rua da Lancha, Presidente, a Praça onde hoje existe o Centro Cultural (Praça Vivaldo Bastos). Não lembro nem quando começou - só me lembro que foi Pedrinho que acabou com o micareta de Itiruçu logo quando foi Prefeito.

- Eu era moleque, ainda morava na roça. Agora, eu comecei quando eu tinha a idade de 18 anos. Quem começou foi um indivíduo chamado pelo apelido de ‘Breguela’ (Antonio) e quem continuou foi Artur Padeiro (pai de Cute).

- Todos os anos tinha, o povo gostava de festa. Em época de política, pegava fogo. Os políticos davam dinheiro para os Cordões, a disputa aumentava. Tinha os Cordões da UDN e PSD. Tinha as porta-estandarte que disputava para ver quem era que ganhava.

- As músicas era aquelas antigas, como: ‘os teus cabelo não nega mulata’. Tinha marcha, samba. Os instrumento que usava era trompete, saxofone, pandeiro. Nesse caso, eu só puxava o Cordão, não podia bater o pandeiro. Tinha tambores também.

- Fazia uma roda com um cavalheiro e uma dama no meio dançando e sapateando e ia percorrendo as ruas.

- As fantasias eram coloridas, mas nós nunca ‘apegava’ à cores, sempre mudava de ano para ano. - No Cordão não tinha máscaras, mas a negrada fazia seus grupos, todos encaretados.

- As estandartes eram as moças que ficavam defronte pro Cordão, dando destaque ao Cordão, sambando. Todos acompanhavam e iam no coice do Cordão.

- Na época tinha Mané de Castro que saía com uma cuíca e pandeiro, marchando com as crianças e adolescentes, todas fantasiadas com fantasia de papel. Agora, separado do Cordão, que só tinha adultos. Naquela época tinha separação: onde adulto tava, criança não ficava, pois era perigoso ser pisada. Hoje é que ninguém liga mais pra isso, mistura tudo.

E Seu Silvério finaliza dizendo, muito saudosista:
- Eu já fui tesoureiro e fiscal de salão (pra ninguém ficar ‘se mordendo’ em pleno salão).

- O micareta era um divertimento para as pessoas. Pena que acabou. Acho que deveria voltar, não como os de hoje, com trios, e sim iguais os de antigamente.


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Um comentário:

nunes cerqueira disse...

eu adorei tudo ate aki relatado acho bem legal.porque assim da nos a oportunidade de conhecermos melhor a nossa cultura tou emocionado com tudo que estar sendo relatado aqui... parabéns...