segunda-feira, 24 de maio de 2010

GAL PIRES E TIRIRICA

Agnaldo Pires, ou Gal Pires para o povo, era o maior historiador de Tiririca. Excelente contador de "causos", reunia ao seu redor inúmeros amigos para escutar as estórias divertidas de personagens locais.
Em 2007, Simone Fair, minha irmã, conversou com ele e registrou o seguinte:

O funcionário público Aguinaldo Almeida Pires (Gal), de 66 anos, também fala sobre eventos de nossa cidade: “Tivemos épocas aqui de ter duas bandas musicais, regidas pelo professor Américo Borges e Cantalício de Farias. Na Festa da Emancipação foi todo mundo ver o show dessas bandas. O povo, teve um comportamento de chave de ouro, alegres com o esforço do Major José Ignácio Pinto, que conseguiu emancipar Itiruçu. Na época estávamos como Estado Novo. Na mesma época de 30, ele, sendo de nacionalidade estrangeira (português) não podia ser candidato, ai ele passou a convidar Ludovico, só que o povo manifestou-se contra, por ele ter residência fixa em Jaguaquara. Aí foi onde teve as manifestações querendo Nena (Romeu Silva) – comerciante próspero aqui em Itiruçu. Quando o interventor Juraci Montenegro Magalhães disse que não tinha apoio e que não podia impor um governante sem apoio do povo. Veio a indicação de Romeu Silva (primeiro prefeito) e José Ignácio Pinto como Sub-Prefeito. Ele teve o apoio de um fazendeiro e compadre, proprietário da Fazenda Tiririca, que facilitou as terras para as construções de casas e escolas, transformando sua propriedade na cidade de Itiruçu”.

E Gal continua: “A Micareta era a festa maior do município. Ela chegava a ser mais participativa que a do Padroeiro Santo Antonio. Itiruçu, como sempre hospitaleira, tinha de interessante os blocos, músicos, artistas. A cidade vivia em glória nessa época. Foi substituída pela Festa de São Pedro. Itiruçu resolveu optar por uma só festa, sendo aquela que se caracterizava mais com o município.

A micareta eu não lembro quando começou. Artur Padeiro foi um dos pioneiros dos Cordões, depois foi Jonas, Silvério Fernandes e Mestre Gracindo dos Santos, por gostarem de festas. Asterino foi responsável por um bloco: todos trajados de mulher. Foi o primeiro bloco assim. Trouxe a idéia de Nazaré das Farinhas. Eu fiz parte.

Os ritmos na época era marcha, samba. O conjunto com saxofone, trombone, clarineta. Músicas como Chiquita Bacana e outras antigas. O trajeto era percorrendo as ruas. Tinha todo tipo de fantasia, desde homens vestido de mulher. Os Cordão fazia fila em dois e tinha as porta-estandartes. A cidade nesses dias vivia a festa e os que não brincavam participavam recebendo os hóspedes. Crianças e adolescentes muito pouco. Não participavam. Eu mesmo entrei com 15 anos porque minha mãe pediu a Artur Padeiro, sendo que ele mesmo trazia na porta de casa dos nossos pais. Antes da meia-noite tínhamos de estar em casa”.

E sobre a importância dessas manifestações, Gal fala: “Houve uma divulgação do município, passando a ser conhecido (como hoje é o São Pedro). Itiruçu se vive dos períodos de 35 à 50, a fase da readaptação. A partir dos anos 50, chegou na Colônia Batéia os italianos, fazendo ter um crescimento no nosso município, trazendo consigo a vontade e necessidade de trabalhar e aqui desenvolveram uma cultura que era apenas de subsistência e cujo trabalho foi com determinação. Três anos depois o jornal de maior circulação em nosso estado, A Tarde, dizia que Itiruçu era o maior produtor de hortifrutigranjeiros do Estado da Bahia, nos dando assim uma posição de destaque no cenário político e econômico no Estado da Bahia. Alinhando-se à nossa gente que passou a produzir, com esse entrelaçamento vem tudo, até os dias de hoje, gerando esse crescimento”.