segunda-feira, 26 de junho de 2017

ZÉ FERREIRA UMA LENDA - por Miguel Peixoto

Zé Ferreira sentado na porta da sua oficina na rua da Lancha.
Foto do Itiruçuonline


ZÉ FERREIRA UMA LENDA

Na nossa querida terra, pelo menos quando eu era criança, não havia diversões para a turma, muitos empinavam pipa, que nos chamávamos de raia, pião, roda de pneu, brincar de piculas.
De vez em quando aparecia uma tourada, circo ou mesmo um cinema de um francês que aparecia na nossa terrinha amada.
Mas havia algo que marcou nossa infância, foram os altos falantes, um do PSD tendo como locutor o saudoso Pedrinho, e o outro da UDN, quanta rivalidade nas crônicas políticas no tempo das eleições, por volta do ano de 1946.
Mas o povão esperava sempre o discurso inflamado do Sr. José Ferreira. Perdoem-me os parentes, mas era certo que ele só tomava banho no tempo das eleições, quando lhe ofereciam uma roupa legal, e era o discurso mais bonito, depois do compadre Vivaldo Bastos.
Naquele tempo se dizia que o Zé Ferreira ao assumir o microfone, do PSD, incorporava o espírito de TARCISIO VIEIRA DE MELO, um grande orador da época.
Quando chegava a hora de ele assumir o microfone, dizia: “Aqui está O CABOCLO DOS PEITOS DE BRONZE”.
O Zé Ferreira era uma criatura inteligente, ele começou a juntar ossos de boi dentro de sua casa, cheiravam mal, os vizinhos reclamavam, mas ele sempre dizia: “UM DIA ESSES OSSOS SECOS VÃO VALER MUITO”.
O tempo passou e um dia chegou um caminhão em Itiruçu, comprando ossos para fazer ração, então o Caboclo dos peitos de bronze... Lavou a jega!!!
Conta-se que certo dia um senhor da roça trouxe uma espingarda para consertar, e o referido senhor perguntou ao Zé Ferreira: “Seu Zé o senhor não fica agoniado com esta roupa suja, rasgada e fedorenta?”.
O Zé lhe respondeu “não perguntei se sua roça estava limpa ou suja, se estava precisando limpar ou não”.

        Miguel Peixoto, de São Paulo.  

sexta-feira, 23 de junho de 2017

COMO COMEÇOU A FESTANÇA DO SÃO PEDRO DE ITIRUÇU - Segundo Miguel Peixoto


FOGUEIRA, DOCE E COMIDAS


Na Rua das Flores havia uma padaria do Sr. Pedro Ribeiro, por volta do ano de 1946, fim da II Grande Guera, no local onde posteriormente Juca Nunes também colocou seu estabelecimento comercial.

Pedro Ribeiro pai de Pedrinho, Leleu e outros, festejava o São Pedro em homenagem ao seu nome.

Fazia uma grande fogueira e colocava o ramo no meio dela; pendurado havia muitos prêmios: Goiabada, Sardinha, garrafa de Crush e até dinheiro colocava em uma latinha e fechava.

Quando o ramo ia caindo Sr Pedro acendia uma espada, e fazia aquele barulhão, muito fogo e a molecada saia sapecada as vezes.


Na verdade o Pedro Ribeiro fazia duas fogueiras uma no São João e outra no São Pedro devido sua devoção com o Santo, já que ele tinha o mesmo nome. Após a sua morte Mamãe Moça continuou fazendo os festejos apenas no São Pedro já que ele é o padroeiro das viúvas.

Antes uma semana ela chamava Tidinha, Martinha parteira e outras para ajudar a fazer os doces e salgados. 

Aqueles biscoitinhos de goma cocada de coco, galinha assada, porco e até peru.

Então na véspera da comemoração o Tõezinho me chamou para nos fazermos um assalto no quarto onde estavam guardando as preciosidades.

Empurramos a porta e começava o assalto enchíamos os bolsos de doces e não parávamos de comer, ate uma galinha assada nos traçamos.

Nisto entrou  a Rita e nos viu debaixo da mesa, que flagrante!!!

Chamou Mamãe Moça que tratou logo de dar uma surra no Tõezinho e Mandou Rita me levar para casa para receber a minha recompensa.

Como sempre a bainha de facão funcionou direitinho nas minhas canelas, entretanto eu ainda estava com os bolsos cheios de biscoito de goma, após chorar bastante comecei a comer o que ainda me restava.

Miguel Peixoto