quarta-feira, 14 de julho de 2010

COPA DA AFRICA: MEDIOCRIDADE É TEU NOME

Desde 1966, quando acompanhei pelo rádio do Bar de Abelino a Copa da Inglaterra, nunca vi um torneio tão chinfrim.
Naquele ano o Brasil achava-se tricampeão antes de jogar. Vinha do bicampeonato no Chile em 1962 e o primeiro na Suécia, em 1958. Tínhamos o rei Pelé e o anjo das pernas tortas, Garrinha. Ganhamos a primeira partida por 2 a 0 da Bulgária, com gols destes dois fenômenos.
Depois perdemos da Hungria e de Portugal pelo mesmo placar: 3 x 1, fomos desclassificados na primeira fase. Sequer fomos às quartas de finais. Naquela época apenas 16 países disputavam o torneio.
Em 1970 lavamos a alma: o tricampeonato com Pelé comandando a maior equipe já formada no mundo: Tostão, Rivelino, Gérson, Jairzinho, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Félix, Brito, Piazza, Everaldo. Nunca houve um time como este. Ganhamos as seis partidas: 4 a 1 na Tchecoeslováquia, 1 a 0 na campeã Inglaterra, 3 a 2 na Romência, 4 a 2 no Peru, 3 a 1 no Uruguai e o fabuloso 4 a 1 na final contra a Itália.
Em 1974 fomos de salto alto para Alemanha e o carrossel da Laranja Mecânica comandada pelo fabuloso Cruijff nos mandou de volta para casa depois de humilhantes 2 a 0.
Em 1978 na nossa vizinha Argentina o burocrático time do técnico Cláudio Coutinho  não perdeu uma partida sequer mas ficamos em terceiro lugar.
Em 1982 os tres primeiros jogos e a vitória contra a Argentina levou-nos a acreditar que tínhamos novamente o melhor time do mundo, comparável ao de 1970: Zico, Sócrates, Falcão, Júnior e Leandro. Dom Paolo Rossi trouxe-nos de volta à terra. Os idolatrados nomes da época não tiveram a garra dos grandes nomes do futebol brasileiro como Pelé, Romário e Ronaldo. Tomamos 3 a 2 dos italianos e saimos do Sarriá com gosto amargo na boca.
Em 1986 o time envelhecido de 1982, com o mesmo técnico Telê Santana foi desclassificado pela França, depois que Zico perdeu um penalti.
Em 1990 Maradona manda um passe açucarado para Caniggia: Argentina 1 a 0, muito choro e nós de volta pra casa mais cedo.
Em 1994, depois de 24 longos anos, nos Estados Unidos, um baixinho chamado Romário disse que seríamos campeões. Cumpriu a palavra e ganhamos pela quarta vez.
Em 1996, na partida final, a comissão técnica - Zagallo e Zico, decidem escalar Ronaldo depois de uma convulsão. O time nervoso toma 3 a 0 da França. Fomos vice.
Em 2002, depois de passar pelas mãos de Vanderlei Luxemburgo, Candinho e Leão a seleção é entregue a Felipão. Desacreditada vai para a Ásia e é pentacampeã, numa das maiores festas do nosso futebol.
Em 2006 novo vexame contra a França: 1 a 0.
Em 2010, todos vimos. Um brilhante primeiro tempo contra a Holanda e o inacreditável segundo tempo quando fomos virados, depois de uma falha terrível do goleiro Júlio César no primeiro gol batavo. Dunga, o técnico zangado, mesmo ganhando de um a zero, estava alucinado no banco de reservas. Transmitia nervosismo à equipe, que só jogou bem contra o Chile (3 a 0). O zero a zero com nos irmãos portugueses foi decepcionante. Acho que se tívessemos ganhado da Holanda seríamos os (hexa)campeões.
Voltando ao começo: MEDIOCRIDADE foi a constante na África do Sul.
A Espanha, campeã, tão decantada pelos nossos comentarista, marcou apenas 8 gols em 6 jogos, o mesmo números de gols marcados por Ronaldo em 2002 e perdeu a primeira partida para a inexpressiva Suiça. Teve apenas o mérito de não perder a final para a Holanda, num jogo que nos primeiros 90 minutos houve apenas quatro chutes a gol, duas de cada seleção.
A Argentina viveu das bazofias do bufão Maradona. Foi humilhada com os 4 a o da Alemanha.
Mas como somos os melhores do mundo em qualquer situação, nada como 2014, dentro de casa, para extravasarmos o grito de hexacampeão. Té lá!

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