![]() |
Zé Ferreira sentado na porta da sua oficina na rua da Lancha. Foto do Itiruçuonline |
ZÉ FERREIRA UMA LENDA
Na nossa querida terra, pelo menos quando eu era criança, não havia
diversões para a turma, muitos empinavam pipa, que nos chamávamos de raia, pião,
roda de pneu, brincar de piculas.
De vez em quando aparecia uma tourada, circo ou mesmo um cinema de um francês
que aparecia na nossa terrinha amada.
Mas havia algo que marcou nossa infância, foram os altos falantes, um do
PSD tendo como locutor o saudoso Pedrinho, e o outro da UDN, quanta rivalidade
nas crônicas políticas no tempo das eleições, por volta do ano de 1946.
Mas o povão esperava sempre o discurso inflamado do Sr. José Ferreira. Perdoem-me
os parentes, mas era certo que ele só tomava banho no tempo das eleições,
quando lhe ofereciam uma roupa legal, e era o discurso mais bonito, depois do compadre
Vivaldo Bastos.
Naquele tempo se dizia que o Zé Ferreira ao assumir o microfone, do PSD, incorporava
o espírito de TARCISIO VIEIRA DE MELO, um grande orador da época.
Quando chegava a hora de ele assumir o microfone, dizia: “Aqui está O
CABOCLO DOS PEITOS DE BRONZE”.
O Zé Ferreira era uma criatura inteligente, ele começou a juntar ossos de
boi dentro de sua casa, cheiravam mal, os vizinhos reclamavam, mas ele sempre
dizia: “UM DIA ESSES OSSOS SECOS VÃO VALER MUITO”.
O tempo passou e um dia chegou um caminhão em Itiruçu, comprando ossos
para fazer ração, então o Caboclo dos peitos de bronze... Lavou a jega!!!
Conta-se que certo dia um senhor da roça trouxe uma espingarda para consertar,
e o referido senhor perguntou ao Zé Ferreira: “Seu Zé o senhor não fica agoniado
com esta roupa suja, rasgada e fedorenta?”.

Miguel Peixoto, de São
Paulo.