domingo, 13 de dezembro de
2009 | 6:25 Por Carlos
Madeiro:
Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o
meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta
ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas.
Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da
Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas
emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também
diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra
vai esfriar nos próximos 22 anos
Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado
sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o
Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O
metereologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar
política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear
a evolução dos países em desenvolvimento.
UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a
emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor afirma
que a Terra está esfriando. Por quê?
Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas
são repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo
contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários experimentos. Se
não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a fonte principal de energia
para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em
que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da
época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em
1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir
esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.
UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?
Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai
contribuir para diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que
vai reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor
armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de mergulhar
até 2.000 metros
de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando
temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os
oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre,
claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico
representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando
desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre
1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.
UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos
anos?
Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve
a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra
valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e
as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve
resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência,
na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura
global. Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era
glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era
responsável por isso.
UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as
temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.
UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações
estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.
UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos
computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC
[Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de
mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que,
ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.
UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?
Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos
que eles são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.
UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de
aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também são
enganados?
Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento
não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso.
Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo,
reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do
desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua
matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de
energia elétrica sem reduzir a produção.
UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou
pobres?
Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento,
certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir
marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos elétricos. Mas o
aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha visão estiver correta,
os paises fora dos trópicos vão sofrer um resfriamento global. E vão ter que
consumir mais energia para não morrer de frio. E isso atinge todos os países
desenvolvidos.
UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem
na mudança de temperatura da Terra?
Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e
vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse
número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6
bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência
conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em
meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima.
UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria
assinar esse novo protocolo?
Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e
China), o Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas
questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência. No
Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que significa a
destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia alguma coisa boa
para reduzir a destruição das florestas.
UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à
humanidade?
Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e
não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a
produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam
poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes,
como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do
ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí
vêm os problemas pulmonares.
UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura
média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?
Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios,
geadas mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no
Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma geada
severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim da primavera,
inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a mesma coisa. Em 1947,
última vez que passamos por uma situação dessas, a frequência de geadas foi tão
grande que acabou com a plantação de café no Paraná.
UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?
Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que
derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.
UOL: Mas o mar não está avançando?
Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da
Austrália em 1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no
mesmo nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede,
mas não tem relação com a temperatura global.
UOL: O senhor viu algum avanço com o Protoclo de Kyoto?
Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em
5,2% as emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não
houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser amigos do
ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países subdesenvolvidos ou emergentes
vão contribuir com um aquecimento. Considero como uma atitude neocolonialista.
UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de
útil para o meio ambiente?
Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não
controla o clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de
prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar produzir
adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que se adaptassem ao
sertão nordestino, como menor necessidade de água. E com isso, reduzir as
desigualdades sociais do mundo.
UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso
contra o aquecimento global?
Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de
pessoas contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um
problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre retaliações, têm
seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos para publicação. E eles
[governos] estão prejudicando a Nação, a sociedade, e não a minha pessoa.
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