Zé Veneno, um Tiriricano que veio de Itapetinga, conquistou inúmeros amigos aqui na terra. Era filho de Zé Lago, agricultor, que veio morar aqui quando comprou o Lote de Dr. Régis na Colônia.
Bem humorado gostava das brincadeiras, piadas e pegadinhas do nosso povo. Obviamente era bom de copo. Gostava de uma branquinha (cachacinha) como poucos. Registre-se que este (mau) hábito acabou por levá-lo para mais perto de Deus ainda jovem.
Se incorporou e se integrou à comunidade rapidamente.
Morava no Itiruçuzinho quando astuciou com Bacalhau, (ou 'Bacaiau' no tiririquês), a sua própria morte. De brincadeira.
Numa dessas tardes calorentas, sem ter o que fazer, propôs a simulação, armando um cenário teatral. Pôs a cama na única sala da pequena casa, deitou-se e fechou os olhos como um defunto verdadeiro. Coube a Bacaiau espalhar a notícia, saindo de casa espavorido, gritando à todos os pulmões:
- Morreu Zé Veneno!
- Zé Veneno morreu!
Imediatamente acorreram ao domicilio uma multidão de curiosos e solidários tiriricanos da vizinhança.
Alguns presentes, olhando para o catre onde se encontrava o de cujos, começaram logo a elogiar o "defunto", como é praxe na avaliação dos mortos, descrevendo as suas qualidades, do tipo:
- Tão jovem e tão bom. Que pena morrer!
- Ainda tinha muito o que fazer na vida. Ajudar os necessitados, com sempre fez!
- Um bom filho!
Depois de ouvir estes e outros elogios Zé Veneno não se conteve. Não se "guentou", como se diz por aqui. Levantou de vez, com uma tremenda gargalhada, gritando:
- Redobra! Redobra! (Termo muito usado na época que não queria dizer exatamente nada).
A multidão surpresa, em pânico, fugiu como uma manada estourada, com medo.
Diz que teve grávida que abortou com o choque.
Mais recentemente Zé Veneno morreu de verdade. Uma pena. Uma grande perda para o bom humor.
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